Nunca foi tão necessário falar sobre morte, principalmente em um país onde o número de mortes pelo COVID-19 está próximo aos 625 mil casos, segundo o painel Coronavírus Brasil. Nos últimos 2 anos, fomos obrigados a lidar com vários fins de vida de forma brutal e recorrente.
POR QUE NÃO FALÁVAMOS TANTO SOBRE A MORTE SENDO QUE, SEM EUFEMISMOS, ESSA É A ÚNICA CERTEZA DA VIDA?
O fato de termos que lidar com a morte de uma maneira tão crua e explícita nos traz a oportunidade de refletirmos sobre o cuidado e o que precisamos fazer para garantir uma passagem mais leve.
Por que muitos de nós nunca parou para pensar sobre isso? Quais os procedimentos estaríamos dispostos a realizar caso seja preciso de suporte para prolongar a vida? Existe alguém que sabe das nossas vontades pós-morte?
Em um artigo anterior que publicamos por aqui, abordamos a importância do paciente se tornar protagonista do próprio tratamento e, também, explicamos maneiras de tornar isso possível. Agora, pensando além disso, como será que garantimos o exercício dessas vontades quando não temos mais voz para falá-las? É aí que o Testamento Vital se torna tão essencial.
O termo Testamento Vital teve origem nos Estados Unidos, em 1967, criado pela Sociedade Americana para a Eutanásia. É caracterizado como um documento de cuidados antecipados, onde a pessoa deixa por escrito quais tipos de tratamentos aceita ou recusa se submeter quando estiver com uma doença ameaçadora de vida.
O documento deve conter a essência do paciente, de forma que a família e a equipe médica possam dar seguimento aos tratamentos e cuidados quando a pessoa não tiver mais condição de manifestar sua vontade. Dessa forma é possível manter o protagonismo do paciente de maneira íntegra e completa.
Mas, o que muita gente se pergunta é: “Quando será que eu devo fazer esse documento?” Segundo a maior especialista em Testamento Vital no Brasil, Luciana Dadalto, o momento é sempre AGORA! Afinal, nós não temos controle e nem ideia do dia de amanhã ou de quando precisaremos deste documento pronto: pode ser daqui a 1 semana ou daqui a 10 anos, ou nunca pode vir acontecer.
Quer entender melhor como esse documento e os trâmites legais funcionam? Confira O SITE OFICIAL TESTAMENTO VITAL.
Luciana Dadalto, advogada fundadora do Portal Testamento Vital, desenvolveu um guia para orientar pacientes sobre “Como conversar com seu médico sobre como você quer ser tratado caso tenha uma doença grave e não consiga mais manifestar sua vontade”
Veja algumas orientações:
1. Conte para seu médico quem você é (histórico de vida, quais suas prioridades, pessoas importantes na sua vida)
2. Faça perguntas
3. Reflita sobre seus valores diante do adoecimento (como você quer ser cuidado?)
4. Converse com as pessoas que você conta e confia
5. Escreva suas vontade ou peça para seu médico fazê-lo caso não consiga
Lembre-se que não importa quais sejam as vontades dos familiares, é preciso deixar claro, como paciente, sobre o tipo de procedimento que deseja se submeter – ou não, a fim de facilitar decisões, inclusive, dos profissionais de saúde.
Este artigo foi inspirado pela conversa “Nunca o Testamento Vital foi tão vital” do podcast Conversas Sinceras Sobre Viver e Morrer.