Com a maioria da população com 2 doses completas da vacina contra o COVID-19, o número de mortes já mostra extremas reduções. Aprendemos (ou pelo menos deveríamos ter aprendido), em quase 2 anos, uma série de medidas protetivas para enfrentar esse vírus que ainda faz parte da nossa realidade.
Volte em março de 2020 e tente lembrar como era sua vida naquele tempo. Estávamos trancados em casa, sem saber o real perigo que nos cercava; a ansiedade fazia o nosso coração bater mais forte e rolávamos os feeds das Redes Sociais sem parar, em busca de uma explicação para o que estava lá fora (lembram que a máscara demorou um tempinho até ser obrigatória?).
A vacinação parecia algo utópico e, cada vez mais, o número de mortos aumentava. Bastava ligar a televisão, em qualquer horário, para nos depararmos com um número estratosférico de mortos por dia. Deixamos de ver nossos familiares, nossos trabalhos mudaram de endereço. Ficar em casa deixou de ser uma rotina diária para ser algo permanente, mostrando que a vida tinha deixado de ser como era.
Os profissionais da saúde se tornaram (mais!) fundamentais no enfrentamento desse medo coletivo, trazendo doses generosas de cuidado para os enfermos. Ao lado deles, os jornalistas (e a imprensa, em geral) assumiram a responsabilidade de informar sobre a situação que estávamos enfrentando em meio a um bombardeio de informações confusas, falsas e, até mesmo, omissões de um (des) governo.
O papel do jornalismo diante a um cenário deveras caótico foi primordial como instrumento de informação – mais do que nunca. Em meio a um sensacionalismo exacerbado de alguns veículos de comunicação, muitos profissionais se destacaram e aprenderam a exercitar a sensibilidade nesse contexto.
Foi preciso estabelecer um limite entre “conscientizar a população” para prevenir a morte e, ao mesmo tempo, trazer mensagens de esperança para todos. Os jornalistas tomaram frente à voz do governo brasileiro que funcionava (e ainda funciona) como um verdadeiro desserviço ao povo.
Por trás das máscaras (literalmente, neste caso), o jornalista, acabara deixando de lado o “eu” profissional e trouxe à tona o seu lado mais vulnerável e empático, abraçando – no sentido figurado, até então, tantas histórias de quem perdeu alguém que amava.
Cada vez mais, a imprensa carrega a responsabilidade de quebrar o tabu de se falar sobre MORTE, em alto e bom tom, sem que ela cause tantos desconfortos, abrindo espaço para conversas honestas com quem se propõe a ouvir.
Se você é jornalista e achou esse tema pertinente, confira um material que fizemos em parceria com a Casa Paliativa e o Podcast Finitude. Clique aqui para baixar a “Cartilha para a imprensa – um guia para falar sobre cuidados paliativos, morte e luto”.
Temos certeza que este Guia será muito útil para que seu trabalho como comunicólogo se torne cada vez mais próximo e humano! Compartilhe também com outros colegas de profissão.
Esse texto foi escrito a partir dos aprendizados da conversa “A cobertura do luto na imprensa” com Tom Almeida, Camila Appel, Juliana Dantas e Jéssica Moreira.
Ouça ao episódio do “A cobertura do luto na imprensa” do “Podcast Sobre Viver e Morrer”:
Se preferir, assista ao vídeo completo aqui: