Como muito falamos em nossas Redes Sociais, o luto não é algo linear – cada um pode experienciar a situação de maneira diferente. Ao passar pela dor da perda, a pessoa busca compreensão, empatia e, principalmente, que sua dor seja reconhecida e validada.
Elaborar o luto e vivê-lo de maneira individual é fundamental. Dentro da comunidade LGBTQIA+, em muitos casos, essa vivência não ocorre pelo fato de relacionamentos homoafetivos nunca terem sido manifestados publicamente, temendo o julgamento da sociedade. Muitos homens e mulheres perdem os seus parceiros(as) e não se permitem viver o luto em sua totalidade, já que o relacionamento sempre foi sigiloso e suas dores são vistas como impróprias e “desnecessárias”.
Perder uma pessoa amada traz à tona muitas feridas e, em relacionamentos LGBTQIA+, expõe a crueldade e intolerância que ainda persistem.
EM UM MUNDO EM QUE A LGBTFOBIA FAZ TANTAS VÍTIMAS, PESSOAS QUE VIVEM RELACIONAMENTOS HOMOAFETIVOS SÃO PRIVADAS DE VIVEREM O SEU LUTO.
Suas vivências são apagadas por não se adequarem aos padrões, não sendo consideradas morais e corretas – muitas vezes pela própria família. De acordo com estudo de Bristowe et al. (2016), a rede de apoio de casais homossexuais está ligada mais fortemente aos vínculos dentro da comunidade LGBTQIA+ do que aos vínculos familiares.
O estudo completo, em inglês, está disponível AQUI.
A falta de legitimação de qualquer relacionamento que não siga o padrão heteronormativo oprime e obriga indivíduos LGBTQIA+ a passarem pelo processo de luto sem nenhum amparo. Outros aspectos legais também estão envolvidos, como a exclusão em rituais fúnebres e cuidados especializados.
Pelo olhar dos Cuidados Paliativos, existem 5 tipos de dores que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta que englobam o luto:
➡Sofrimento físico: a expectativa de vida da população LGBTQIA+ é abaixo dos 40 anos. Por isso, muitos acabam morrendo de forma repentina, sem conseguir pensar sobre a finitude.
➡Sofrimento social e emocional: O preconceito causa medo e solidão. Muitas pessoas escondem os seus relacionamentos por medo do julgamento. Ao chegar na terceira idade, o medo é de serem abandonadas e encararem a morte de forma muito solitária.
➡Sofrimento espiritual: Várias crenças não aceitam a diversidade sexual. Quando se deparam com o fim da vida, muitas pessoas se sentem culpadas e questionam a sua existência.
➡Sofrimento familiar: Muitas famílias ignoram a existência de relacionamentos LGBTQIA+, ignorando as vontades e desejos do parceiro do paciente.
A iniciativa Luto sem Armário tem o objetivo de prestar apoio aos enlutados que fazem parte da população LGBTQIA+ de forma gratuita. Os encontros acontecem online com até 5 participantes.
ONGs como essa são de extrema importância, mas não descartam a necessidade de acompanhamento psicológico profissional para o enlutado.
Este artigo foi inspirado pelo episódio #50 – “Luto LGBTQIA+” do Podcast Sobre Viver e Morrer.
Se o assunto te interessa, veja mais nos links a seguir:
🌈Esse artigo faz parte da nossa série de conteúdos sobre a Semana do Orgulho LGBTQIA+.