Luto Perinatal – O que é e como reconhecer essa perda?4 min de leitura

Luto Perinatal – O que é e como reconhecer essa perda?4 min de leitura

Na maioria das vezes, é difícil associarmos um momento naturalmente carregado de vida ao luto, ao sofrimento e a perdas devastadoras. Afinal, somos ensinados que o nascimento e a morte são dois extremos da finitude e que existem inFINITOS momentos, aprendizados e experiências presentes entre eles. 

Mas o que será que acontece quando esses extremos se encontram antes do previsto?

Para muitos casais, receber o sinal positivo em um teste de gravidez representa um momento de transformações e incertezas inexplicáveis. É o momento onde essas pessoas passam a pertencer ao grupo de mães e pais e abrem espaço em seu núcleo familiar para essa nova vida. 

Infelizmente, em muitos casos, a gravidez não sai como o planejado e os bebês acabam morrendo durante a gestação ou logo após o nascimento. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, só no Brasil, a taxa de mortalidade neonatal é de 8,5 bebês a cada 1.000 nascimentos. Já em termos de abortos espontâneos, cerca de 23 milhões de gestações em todo o mundo terminam em aborto a cada ano – isso é 15% do total ou 44 a cada minuto, de acordo as estimativas publicadas na revista médica The Lancet

Isso significa que, 1 a cada 10 mulheres sofre perda gestacional e, na maioria dos casos, não recebe o apoio que precisa ou não tem seu luto legitimado. O luto perinatal está relacionado à perda gestacional que, principalmente as mães, sofrem após a morte de um filho.

A perda perinatal se divide em três fases diferentes, cada uma de acordo com estado avançado de gravidez:

1º Gestacional: até 22 semanas ou 500g do bebê

2º Neonatal: 0 a 27 dias de vida

3º Pós-neonatal: 28 dias de vida até 64 dias

Apesar das diferenças técnicas, a dor por perder um filho é a mesma. Mas, muitas mulheres relatam que aquelas que sofrem a perda com o bebê ainda na barriga, não têm seus lutos legitimados pois boa parte da sociedade acredita que o fato da mãe não ter “conhecido” a criança, o sentimento ainda não teve de se desenvolver. 

Para entender mais a fundo a profundeza dessa perda, existe um texto muito interessante feito por uma mãe que perdeu seu bebê ainda na barriga. Acesse AQUI para ler.

O que nós, como sociedade, podemos fazer para ajudar a trazer visibilidade e legitimar essas perdas? 

– Se mostrar disponível para ouvir e acolher a dor desses pais.

– Evitar dizer coisas que minimizem as dores, como: “você ainda vai ter outro filho”, “ainda bem que aconteceu logo e não deu tempo de criar laços” ou “foi melhor assim”.

– Procurar saber o nome que o bebê receberia e chamá-la assim.

– Não agir como se aquilo nunca tivesse acontecido. 

– Aceitar que para cada pessoa o processo do luto acontece de uma maneira diferente, precisamos respeitá-lo. 

– Entender que essa perda é tão dolorosa quanto qualquer outra. 

Caso você esteja passando pelo luto perinatal, passou ou conhece alguém que precisa de apoio, conheça dois projetos incríveis parceiros do inFINITO: 

@blawbrazil – O projeto oferece apoio às perdas gestacionais e infantis, através de ações que buscam trazer para o Brasil inovações e avanços no cuidado e na saúde para que mães que perdem os filhos tenham mais apoio e amparo. 

@casamaesparasempre – O grupo reúne profissionais que trabalham com o luto perinatal, gestacional e infantil há muitos anos no Brasil, para acolher mães e famílias enlutadas, além de trazer mais humanização para essa dor. 

Para entender melhor as dores da invisibilidade desse luto e como podemos ajudar a controlá-lo, indicamos uma leitura fantástica. O livro “Luto por perdas não legitimadas na atualidade”, um projeto organizado pela Gabriela Casellato, reúne textos sensíveis de diversas figuras emblemáticas – inclusive do Tom Almeida, criador e idealizador do movimento inFINITO. 

Este artigo foi inspirado pela conversa “Luto perinatal” do podcast “Sobre Viver e Morrer”

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