Luto antecipatório e as perdas que ainda não aconteceram2 min de leitura

Luto antecipatório e as perdas que ainda não aconteceram2 min de leitura

E quando alguém amado está vivo, mas sofremos antecipadamente por sua partida? O luto antecipatório é a elaboração do processo de luto mesmo quando o ente querido ainda está presente, influenciado por diversos fatores, como referências culturais, rituais de despedida e o entendimento da finitude da vida.

O termo luto antecipatório foi criado pelo psiquiatra alemão Erich Lindemann durante a Segunda Guerra Mundial. Ele percebeu que as esposas dos soldados que lutavam na guerra tinham dificuldade para se adaptar e incluir os maridos nas suas vidas novamente após eles retornarem da guerra.

A CONCLUSÃO É QUE A SEPARAÇÃO É O CENTRO DA QUESTÃO, E NÃO A MORTE EM SI, COMO UMA “PREPARAÇÃO” PARA QUE O SOFRIMENTO SEJA ATENUADO QUANDO A PESSOA REALMENTE SE FOR.

O processo de luto antecipatório também envolve imaginar a vida e a rotina em um contexto que aquela pessoa não estará mais lá. Para isso, é necessário reorganizar tudo: desde pequenas coisas do dia-a-dia até os planos para o futuro e acostumar-se sem o contato diário, preparando-se para essa nova realidade. Toda essa reestruturação do cotidiano, emoções e sentimentos, é causadora de muito sofrimento, angústia e ansiedade.

Em casos de doenças terminais, crônicas, cuidados paliativos ou simplesmente idade avançada, pode acontecer a alternância de emoções entre a negação e a aceitação de que a pessoa irá morrer, já que a doença faz essa possibilidade mais real e palpável. Dentro desta situação, a pessoa que sofre com o luto antecipatório pode sentir-se culpada por estar “conformada” com a situação ou a sentir a responsabilidade de fazer mais, gerando até a vontade de intervir no tratamento médico.

Mas o luto antecipatório também tem um papel importante. Este processo ajudará a lidar com a finitude de forma mais madura e com maior clareza, auxiliando na elaboração da perda e na aceitação da morte e, no caso de pacientes em cuidados paliativos, do enfrentamento da doença. A ajuda e orientação de um profissional e realização de tratamento psicológico é necessária quando o luto antecipatório causa ansiedade extrema e o recolhimento emocional da pessoa.

Este artigo foi inspirado pela conversa “Desempacotando os Lutos” do podcast “Sobre Viver e Morrer”.

Se preferir, assista ao vídeo completo aqui.

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