Receber o diagnóstico de uma doença crônica ou que ameace a nossa vida ou a de quem amamos nunca é fácil.
Eu mesma, aos 20 e poucos anos, precisei tirar um tumor enorme do ovário direito e que, depois, os exames confirmaram ser benigno. Lembro que cheguei a sentir o chão se abrir debaixo dos meus pés. Também já sofri o baque de lidar com o aviso de que a minha avó materna, a Dona Olga, tinha um câncer de mama e precisaria passar por uma mastectomia. Depois, ainda viria a metástase óssea. Quando o meu pai, Audálio, recebeu a notícia de que tinha um câncer de intestino, operou literalmente da noite pro dia. Mais um piano caindo sobre as nossas cabeças.
SÃO SITUAÇÕES QUE ESTÃO SEMPRE NOS LEMBRANDO DE QUE A VIDA ÀS VEZES É UM SOPRO.
São minutos, horas, dias, semanas que podem ser avassaladores. Ora parece que “a vida é mesmo coisa muito frágil”, como diria o poeta, ora parece que temos a força de um leão pra dar conta do que der e vier.
Entre essas sensações de impotência e de potência demais existe um leque com várias camadas. Entre o preto e o branco, infinitos tons de cinza. Um mesmo copo d’água que ora está meio cheio ora está meio vazio. E está tudo bem, é assim mesmo.
Neste espaço aqui, nossa proposta é o acolhimento por meio da informação. Eu sou jornalista, apresento um podcast chamado Finitude, ao lado do também jornalista Renan Sukevicius. Acreditamos que informação salva e melhora vidas. Por isso falamos de envelhecimento, cuidados paliativos, morte e luto.
Aliás, se você topar essa jornada comigo aqui neste espaço, prometo que ainda vamos falar muito sobre cuidados paliativos. Foi esta abordagem que permitiu a mim e à minha família ver minha vó e meu pai partirem com dignidade: com o menor sofrimento possível, no tempo deles e cercados de amor e calor. Eu prometo que mais pra frente te conto essas histórias com detalhes.
Mas cuidados paliativos são pra morrer? Cuidados paliativos são pra quando não tem mais nada a se fazer? Cuidados paliativos são uma gambiarra, um remendo? Desde já eu te digo que não, mas a gente ainda vai avançar nesta conversa por aqui.
E pra começar essa nossa troca, eu proponho que você vá pensando nos seus limites de dignidade. O que faz sentido pra você no fim de vida?