Como o racismo estrutural afeta os pacientes negros?3 min de leitura

Como o racismo estrutural afeta os pacientes negros?3 min de leitura

Segundo a definição, o racismo estrutural é: “conjunto de práticas discriminatórias, institucionais, históricas, culturais dentro de uma sociedade que frequentemente privilegia algumas raças em detrimento de outras”. Em um país como o Brasil, onde a escravidão deixou fortes sequelas que são vistas  até hoje, vemos ainda a perpetuação de uma cultura escravagista.

Um traço bem forte do racismo estrutural no país é a dificuldade de acesso da população negra ao ensino superior. Dentro dos cursos de medicina não é diferente. De acordo com o IBGE, apenas 18% dos médicos se declaram negros, enquanto entre os pacientes do SUS, pacientes negros correspondem a 78% dos atendimentos e 81% das internações.

Na área da saúde, a desigualdade entre brancos e negros é bem gritante e prejudicial. Os pacientes negros são negligenciados, suas dores são ignoradas e suas queixas não são ouvidas por causa da crença que pessoas negras são mais fortes em relação à doenças e mais resistentes à dor. Essa barreira discriminatória acaba afastando as pessoas de cuidados básicos, como consultas de rotina.

Muitos relatos de pessoas negras dão conta de violência verbal e desinteresse por parte dos médicos brancos. As consequências se refletem, principalmente, nos pacientes com doenças graves, que chegam na unidade de Cuidados Paliativos já nos seus últimos dias, sem chances de receber cuidados da equipe para maior conforto e alívio da dor no estágio final.

Diante dessa situação de omissão, Arthur Lima, formado em Odontologia, criou o AfroSaúde, plataforma criada para conectar o público à profissionais da saúde negros. A ideia surgiu com o objetivo de que a população negra se sinta mais confortável no atendimento e consultas. Inicialmente funcionando apenas na cidade de Salvador, a plataforma hoje conta com profissionais de diversas áreas – inclusive naquelas em que é mais difícil encontrar médicos negros, como dermatologia e ginecologia. 

Aos profissionais da área da saúde que são brancos, cabe o dever de fazer com que todos sejam tratados com respeito e acolhimento, tendo acesso a todos os cuidados necessários. Algumas questões devem sempre ser lembradas com muita atenção:

– Se o paciente está ali, é por algum motivo sério. A sua dor não deve ser minimizada e ele precisa de um atendimento cuidadoso e específico.

– Os estereótipos em relação à população negra são muitos, especialmente quando diz respeito às mulheres. A mulher negra é hiperssexualizada e sua saúde, principalmente reprodutiva, é tratada com desdém. A visão preconceituosa de que elas são promíscuas e com maiores chances de terem ISTs e gravidez indesejada deve ser desmistificada.

– Os negros não são mais resistentes à dor e não existem doenças “típicas da raça”.

– Os exames e medicamentos corretos devem ser prescritos, sem a suposição de que o paciente não poderá pagar por eles.

Taís Araújo, atriz brasileira e mulher negra, trouxe uma reflexão muito importante que deve servir sempre como referência para todos os engajados na luta antirracista:

Se dizer antirracista é muito importante. Mas ser antirracista é verbo, é ação e pra isso é preciso trabalho. Está a fim? Leia tudo que já foi dito por nós e bem-vindo.”

Este artigo foi inspirado na live  “Viver e morrer em uma sociedade racista”. Assista ao vídeo:

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