Empoderamento de pacientes na finitude
Quando se trata de um diagnóstico médico de uma doença crônica ou terminal, muitos pacientes ficam presos a certos pensamentos como: “Se meu médico falou, é o certo” ou “Meu médico não concorda com isso, preciso seguir o que ele diz.” Sim, o médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para cada patologia, mas, vale o questionamento: “Será que a equipe está levando em consideração todas as necessidades – não somente as físicas?”
Neste momento de vulnerabilidade, é preciso construir uma relação honesta, sensível e mútua, entre profissionais da saúde, pacientes e familiares. Médicos (e outros profissionais envolvidos), precisam levar em consideração o que é adequado para o bem-estar geral do paciente, fornecendo informação e tratamentos para o alívio das dores. Entretanto, portadores de doenças crônicas ou terminais devem ter voz ativa sobre o próprio tratamento.
“COMO EU QUERO SER CUIDADO? ESTOU DISPOSTO A REALIZAR TODOS OS TRATAMENTOS MÉDICOS QUE ME INDICARAM?”
O ato de cuidar vai muito além do que apenas a ciência pode oferecer. Ser cuidado significa ter acesso básico a informações, estar ciente do que está acontecendo em seu próprio corpo, poder tomar decisões ou indicar alguém de confiança que faça isso por você, ser tratado com respeito, dignidade e empatia.
Praticar cuidado multidisciplinar, principal princípio dos cuidados paliativos, é justamente oferecer ao paciente autonomia sobre a própria história, em todos os âmbitos possíveis: físicos, mentais e espirituais. É preciso olhar para cada extremidade a fim de promover uma vida mais saudável e equilibrada emocionalmente.
Quem recebeu um diagnóstico grave, está no fim da vida ou convive com uma doença crônica, pode assumir o papel de protagonismo ao:
💜Pesquisar informações sobre seu diagnóstico
💜 Buscar sempre estar em contato com o médico
💜Conversar com pessoas que já passaram por isso
💜Praticar a empatia com familiares, mas não ter medo de dizer o que quer
💜 Expor suas opiniões e dizer o que prefere sobre o próprio tratamento
💜Dizer quando não quere receber determinadas informações
💜 Pedir explicações quando uma decisão confusa for tomada
💜Dizer que precisa de ajuda de outros profissionais
Outra forma de estar à frente e ter certeza de que seus desejos e vontades serão realizados, é escrever um “Testamento Vital”, um documento que garante que os tratamentos que o paciente deseja ou não fazer sejam cumpridos quando estiver com uma doença ameaçadora de vida. Assista esta conversa que aconteceu no Sarau inFINITO para entender melhor:
Atualmente, muitos profissionais, cuidadores e instituições já estão praticando a mudança. Os pacientes estão, cada vez mais, indo em busca de informações e aplicando conhecimentos para obter um tratamento mais digno e autônomo. Atitudes assim melhoram a comunicação entre toda equipe, paciente e familiares, tornando o ambiente hospitalar mais humanizado.
Médicos e profissionais de saúde precisam entender que, nessas situações, há sim muitas dúvidas, dores, incertezas, medos, mas também há vontades. É preciso estar presente e abraçar a bagagem de sentimentos que surgem quando estamos lidando com uma vida, não importa o tempo que ela possui.
Dessa forma, pacientes deixam de viver como seres humanos passivos e se tornam ativos ao conduzirem as decisões relacionadas ao próprio corpo.
Achou esse texto interessante? Então ouça o episódio do “Podcast Conversas Sinceras Sobre Viver e Morrer” que originou este artigo: