Arquitetura da cura: como os ambientes podem ajudar no tratamento de pacientes? 4 min de leitura

Arquitetura da cura: como os ambientes podem ajudar no tratamento de pacientes? 4 min de leitura

Quando pensamos em hospitais e clínicas, é comum imaginarmos ambientes sérios, com iluminação artificial, minimalistas, com paredes brancas, verdes ou azuis claras e sem muita decoração de grande destaque. 

A razão por trás dessa estética está associada à tranquilidade e calma que estas tonalidades proporcionam aos seus frequentadores. Mas, você já parou para pensar que, principalmente para pacientes (e seus familiares) que passam muito tempo dentro dessas paredes, e que estão passando por um momento delicado na vida, talvez isso não seja o suficiente?

Paul Farmer, médico americano e filantropo, atua há mais de 25 anos em comunidades remotas ao redor do mundo. Com sua experiência adquirida trabalhando em epidemias sociais e desastres naturais em países carentes, ele percebeu que os hospitais “tradicionais” não eram planejados para atender a população da maneira que deveria. Farmer também notou que, boa parte dos pacientes que davam entrada nos hospitais, passaram a adquirir outras doenças (que nada tinham a ver com a condição pré-existente) devido à falta de estrutura desses locais. 

O que isso significa para os modelos de ambulatórios que conhecemos hoje? 

Significa que, boa parte das exigências feitas pelo poder público, ou por empresas que contratam profissionais para projetar um hospital, não levam em consideração todas as necessidades humanas que precisam ser tratadas para o cuidado e o bem-estar do paciente. 

Normalmente, os clientes solicitam projetos que atendam as necessidades básicas e façam o trabalho da maneira mais efetiva possível, sem a necessidade de ser “chique”. Mas, nem sempre o mais “efetivo” trata as dores que essa comunidade possui. O mínimo acaba não sendo suficiente e outras questões do cuidar precisam ser consideradas, afinal não é apenas o remédio manipulado que trata a doença: são um conjunto de fatores, como: 

– Ter privacidade quando precisa: para si mesmo e para os momentos em família

– Se sentir bem-vindo em um ambiente acolhedor 

– Receber tratamentos de pessoas empáticas e treinadas 

– Se sentir seguro e visto 

– Estar conectado com a natureza e com o ambiente ao redor 

– Ter um espaço projetado para proporcionar sua melhora clínica e mental 

– Estar cercado/a de coisas que proporcionem calma e tenham significado 

O projeto Mass Design Group foi desenvolvido com o propósito de proporcionar tais experiências para comunidades pequenas ao redor de países da África. Atualmente, o grupo atua projetando hospitais que curam, assim como, memórias com grande impacto histórico e social para temáticas que rodeiam a nossa sociedade.

Um conceito que também leva em consideração a importância de ambientes desenhados em prol do cuidado multidisciplinar, são os hospices. Ambientes (como clínicas, hospitais ou home care) que oferecem cuidados para além do físico de pacientes com doenças graves. Para entender a sua importância e a relação com nosso tema de hoje, acesse o SITE.

As condições globais nem sempre ajudam que essas construções possam ser feitas. Mas, a partir do momento que entendemos que nós podemos melhorar a maneira como o próximo é cuidado e que a nossa passagem por aqui pode ser mais leve, encontraremos soluções que possam contribuir para que esse movimento cresça cada vez mais

Este artigo foi inspirado pela conversa “A arquitetura da cura” do podcast “Conversas Sinceras Sobre Viver e Morrer”.

Ou, se preferir, assista com legendas no Youtube: 

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